quinta-feira, 28 de abril de 2011

Divulgação: Seminário sobre Autismo

terça-feira, 26 de abril de 2011

Linguagem a luz de Paulo Leminsk


terça-feira, 19 de abril de 2011

O Peso da Notícia


Entre as linhas bem traçadas do Blog às Moscas http://rodrigo-madeira.blogspot.com, uma leitura em particular me tocou. Tratava-se de um texto dos noventa anos de Krajcberg. Constava ali uma noticia e um ponto de vista que realizou metáforas e críticas a um descaso, sendo linhas de um poeta, o autor do Blog. Seu ponto de vista é de comover o pensamento lógico e afetivo, dando o brilho à notícia.

Essa foi apenas uma notícia que nos chega e há tantas outras, espalhadas em letras a tinta preta em folhas de jornais, espalhadas em palavras nos noticiários, e letras mais esteticamente elaboradas em revistas. E elas passam, mesmo assim, passam e há um desdém, ficam no passado sem amenos a terem com elas olhos de poeta. Elas que por sua vez tanto podem falar de nós.

Qual a notícia que emplaca hoje, que nos ganha os olhos com levianos pensamentos e são lançadas em nossas casas feito vômitos nas horas das refeições? As notícias que na realidade são tragédias e não nos trazem maiores implicações além de susto, dor, decepção, sofrimentos. Entretanto as demais com grande particularidade e funcionalidade em nossas vidas, passa sem ser notadas. Essas que podem possibilitar o pensamento crítico, pouco são exploradas, e quando delas se faz maior uso nos deparamos com um despreparo crítico de grande parte da civilização, infelizmente. Ao passo que os elementos cruciais da notícia ficam a deriva bem como o pensamento, vários fenômenos acontecem como - Obras de artes sendo vandalizadas, uma legião de cidadãos sem saber que se vive numa ditadura do Capital e que nesse silêncio da ignorância ela estabelece uma de suas raízes, a democracia fedendo a defunto a décadas, a poesia ainda tentando respirar entre as ondas da falta de incentivo, livrarias que são fechadas a esmo, e a leitura sendo vista como algo anacrônico, quando vista. Nem cogito a filosofia! Pra não cortar os pulsos.

Penso que o brasileiro, assim como os parasitas que formam grupos de interesse e não de políticos no planalto central, pensam mal. Não sendo um privilegio do Brasil. Me parece coisa de neurose boba. Salvo o Sarney, que acredita ser Sarney. Esse pensar mal faz uma exclusão de algo que pode ser verdadeiro nos tempos atuais, que traz notícias nossas, que implicam a certo ponto nas direções de nossas vidas, sendo elas; as condições trabalhistas, financeiras, impostos, interesses Neoliberal, o Patriarcado de Lula com gastos que se paga com menos pão na mesa... Quantos têm um ponto crítico e afetivo em relação a esses fenômenos? Fica-se numa ilha, como formiga carregando peso à Alguém apenas seguindo os passos do Outro, o puro ferormônio que produz uma fila de despatriados de si mesmo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

a morte


meu tio,
que ontem mesmo
perguntou as horas,
já não está

em lugar algum,

já não está
onde seu corpo está.

seu corpo está
ali, enguiçado.

meu tio
deitou-se sobre si.

melhor, deitaram
o que fora meu tio,
os pés juntos, sem

a memória do tato,
o escândalo de aves
nos cabelos,

o cheiro de urina,
os goles de naufrágio

(letes nas veias),

como um quarto
sem mobília ou gente
sobre o terreno cediço,

uma nudez,
como escurecer
desmorona uma maçã
e acende a luz
na pele
de um cavalo.

a morte agora
é sua casa, a roupa do corpo,
o oxigênio,

a carta de câmbio,
o preço do frete,
a dentadura, o aquário,

o berço, a biblioteca,
a gaveta
de gravatas,
o comprovante
de renda,
o revólver,
a certidão
de nascimento.

morrer é para sempre.

o corpo de meu tio
(sem que meu tio
estivesse presente)
foi enterrado

com um relógio
no pulso.

rodrigo madeira
* primeira das seis partes do poema
("pássaro ruim", ed. medusa, 2009)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma Fantasia possível de Gozo...


... é uma aposta na transferência, que remete ao dizer da condição inconsciente de um sujeito em questão. Isso vale aos quatro cantos do Mundo, em todas as relações que um sujeito faça sem sua vida, crendo que uma das mais discutidas e levadas além do fato são as relações amorosas. Quando li esse poema de Fauzi Arap, notei como eu, e outros realizam um mergulho em si e entrelaçado em seus mitos fazem um olhar à um outro, ou Outro.
Respirem fundo, é lindo!

"Eu vou te contar, que você não me conhece.
E eu tenho que gritar isso, pq. você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza a você, ao fim de tudo você permanece comigo, mas presso ao que eu criei e não à mim.
E quanto mais falo sobre uma verdade inteira um abismo maior nos separa.
Você não tem um nome , eu tenho, você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções.
Mas a mentira da aparência do que eu sou e a mentira da aparência do que você é.
Por que eu, eu não sou o meu nome e você não é ninguêm.
O jogo perigoso que eu pratico aqui.
Ele busca chegar ao limite possível de aproximação.Através da aceitação da distância e do reconhecimento dela. Entre eu e você existe a notícia, eu me dispo da notícia e a minha nudez parada te denuncia e espelha.
Eu me relato, tu me deladas, eu vos acuso o confesso por nós.
Só assim me livro das palavras com as quais você me veste".

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Sujeito, um significante - Corpo, um organismo vivo.


Massa pastosa incandescente, chão, ser vivo, ar, céu, nuvens, camadas, Terra, Lua, Sistema Solar, Universo... O que não passam de objetos inanimado, soltos a esmo. E que de fato se diferem do Sujeito. O qual só se faz aos laços das falácias do Outro, e surge como um significante, por ventura um ancoradouro a fala, deixando de ser apenas um aparecido. Sujeito é o que se pensa e sente de si, e torna isso um mito, e não há uma plena verdade que o resuma, logo fazemos um "DESCARTES" do penso logo existo e me apoio em paradoxos poéticos.....

Qualquer
Traço, linha, ponto de fuga
Um buraco de agulha ou de telha
Onde chova.

Qualquer pedra, passo, perna, braço
Parte de um pedaço que se mova.

Qualquer

Qualquer
Fresta, furo, vão de muro
Fenda, boca onde não se caiba.
Qualquer vento, nuvem, flor que se imagine além de onde o céu acaba
Qualquer carne, alcatre, quilo, aquilo sim e por que não?
Qualquer migalha, lasca, naco, grão molécula de pão

Qualquer
Qualquer dobra, nesga, rasgo, risco
Onde a prega, a ruga, o vinco da pele
Apareça

Qualquer
Lapso, abalo, curto-circuito
Qualquer susto que não se mereça
Qualquer curva de qualquer destino que desfaça o curso de qualquer certeza

Qualquer coisa
Qualquer coisa que não fique ilesa
Qualquer coisa

Qualquer coisa que não fixe

poesia de
(Arnaldo Antunes)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

TRADUZIR-SE


TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?