quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A não arte da violência - uma privatização.


Com freqüência estamos vendo os noticiários explanar as mazelas da violência do Rio de Janeiro, que de fato nas entrelinhas se nota uma Guerra Civil com direito a disputas de espaços geográficos e guerrilhas urbanas para mante-los. O que faz esse fruto amargo da violência ganhar tamanha proporção? Bom, creio que a relação do sujeito com os objetos pode dar uma luz a esse fato. O sujeito sempre esta em busca do objeto, que por sua vez foi perdido durante a sua constituição subjetiva, é esse objeto que comanda nosso desejo, que provoca movimentação, uma busca, na esperança de um nirvana, o que de fato é um sonho.
Nessa busca o sujeito caminha por diversos campos, sempre influenciado pela condição cultural que lhe é contemporâneo. O que se notava há um tempo é que havia um pacto social, que dava uma direção na busca do objeto. Esse pacto social se estabelecia na palavra, assim se fazia valer como uma ordem publica que visava o bem de todos, possibilitando uma forma de gozo, ou seja, de satisfação. Com as mudanças culturais e sociais, a palavra perdeu esse peso que tinha nas antigas relações. O que vemos hoje é o sujeito se apropriando do próximo em qualidade de privatização, acreditando que apenas um tem o direito do reconhecimento da dignidade humana e o outro é excluído, buscando de forma antônima aos antepassados o objeto.
O continuo crescimento da má distribuição do Brasil faz luz a esse fato. Privatiza-se o trabalhador das regiões carentes, as favelas, se apropria deles como se não tivessem o direito de nada, tão pouco de condições básicas de sobrevivência. Ofertam – lhes um trabalho, que Marx já chamava de mais – valia, o qual o maior do percentual fica a cargo do empregador que por meio de seu capital faz o acumulo de mais e mais e mais objetos. A idéia do dominador é capitalizar mais e mais objetos, perverso ou não? Essa condição faz esfacelar o pacto social, que podemos chamar de pacto simbólico - Neste momento que o pacto simbólico é rompido só deixa lugar para a violência; quer dizer que entre os indivíduos não são mais as leis da linguagem que regulam sua relação, mas é a força real. Se não houver uma distribuição de renda mais coerente, ou um pacto simbólico sustentável, os dominados vão buscar o domínio, um excluído o outro, aja bala de fuzil.