sexta-feira, 27 de maio de 2011

O altar com as cabeças do bando de Lampião



Frederico Pernambucano de Mello, no seu livro Guerreiros do Sol, faz uma belíssima análise do movimento do cangaço no Brasil. Esse movimento social acabou de forma bastante violenta e é rara a exibição de poder do Estado como a que houve com relação aos cangaceiros mortos. A imagem acima é bastante eloquente. Um altar praticamente: como interpretar essa estética macabra?

Para Freud, a cabeça cortada pode ser considerada muitas vezes um símbolo da castração. Seu texto sobre a cabeça da Medusa deixa isso bem claro. Talvez, esse caminho seja adequado aqui… Expor a castração, tão “viva”, tão possível, dessa forma horrenda é mesmo uma maneira de petrificar o outro, de assombrá-lo com a possibilidade de uma morte terrível e iminente.

Mas, o que eu gostaria de comentar aqui é o caráter de ficção, de arranjo, de produção artística, dessa cena. Reparem nas máquinas de costura no alto, ao fundo. Reparem nos chapéus, quase como outras cabeças…

Poderíamos tentar traçar a genealogia desse desejo do Estado mostrar seu poder dessa forma, criando uma ficção de poder ilimitado e castrador. Quando é que isso começa a ser recalcado? Afinal, seria absurdo pensar, hoje, numa cena como essa, num Estado Democrático de Direito. Nem na guerra, talvez, esse requinte sádico seria tolerado pela sociedade civil.

É uma questão importante saber se se trata de recalcamento apenas dessas imagens, ou se há também um necessário recalcamento dessa violência estatal… Não é raro, infelizmente, no Brasil, episódios como o do Carandiru ou o de Eldorado Carajás. Mas, o tratamento “estético” dado a esses eventos é completamente diferente. Quando isso começa a mudar? Por quê?

FABIO BELO


" Atualmente há meios que Barrem esse Outro que impõe e logo devassa. Podemos citar nessa função Os Direitos Humanos, que talvez traga um contra ponto à uma análise interpretativa dos fenômenos sociais. Entretanto mesmo assim esse ímpeto "Don Sarny" encontra meios de se fazer presente pela atuação ambígua das forças Policiais e por outros meios do Estado."


4 comentários:

  1. Legais seus comentários sobre a imagem com as cabeças do bando de lampião. Sou bisneta de um "cangaceiro" (que não está na imagem, ainda bem) e os assuntos relacionados me interessam. Abraços!

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  2. Joaquim Carlos Fragoso29 de agosto de 2011 às 06:49

    Violencia estatal? essa é a preocupação,pois é: e a violencia com que esses bandidos tratavam a populãço inocentes,que nada tinha a ver com os problemas deles?(bandidos)é o caso de hoje,com os bandidos e terroristas.:deveriam fazer o mesmo,mata-los sem do nem piedade,e expor suas cabeças mesmos, pra exemplo.PENA DE MORTE É A SOLUÇÃO

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  3. HÁ VARIOS MEIOS DE SE FAZER JUSTIÇA,E NÃO É ASIM QUE VC IMPOE RESPEITO,PENA DE MORTE SIM,MÁS ESCULACHO NÃO!

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