Lacan coloca que - O amor é uma forma de suplência a falta. Logo uma forma de contornar o vazio, por meio de uma aposta que é particular a cada pessoa. Talvez a forma mais leve de se amar é - A amar por amar, independente de como seja a pessoa, sabendo que não há um Outro. Pensando nisso lembrei de um poema:
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor
Carlos Drummond de Andrade.
Amar por amar é como desejar por desejar, sem um objeto que satisfaça o desejo, mas apenas viver o que o desejo comporta de movimentos que me levariam a um objeto, o problema é que sem objeto não há desejo, sem objeto há vazio, e no vazio está o real.
ResponderExcluirPoderia pensar que o amor é o real da paixão? Onde o objeto amado deixa de ser o objeto do amor e passa a ser apenas amado sem necessidade de ser o que é para ser amado?
Interessante que "Amor é primo da morte" e morte não compreendo como vazio, mas como preenchimento total, sem desejo. Acho que por isso que é primo, embora tenham características comuns, um é falta e o outro é o não precisar mais faltar