segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Rio: pai entraga filho a Polícia


Uma das cenas, claro, entre muitas outras que me chamaram a atenção nesse domingo que a polícia retoma o Complexo do Alemão, foi a de um pai entregando o filho às autoridades. Nesse momento me perguntei como – Como esse rapaz seguiu outras referências que não a desse pai? Um pai que aparentemente era responsável, de principio, com sotaque do nordeste, e no momento infeliz pela escolha do filho e que diz – É, uma hora tem que pagar ne senhor. Em resposta ao repórter. De um lado a sua palavra de outro o filho sendo segurado ao braço pela mão do pai.
Notei que esse pai estava de cabeça baixa até a pergunta do repórter, quando colocou sua lei em resposta a atitude do filho, até então senti um pai humilhado por outros discursos, o qual seu próprio filho possivelmente se serviu para tornar-se um traficante. Creio que o uso desse discurso pelo jovem cabe ao que Lacan considera como fazer os Nomes do Pai, vigentes por “ai”, que busca no Outro Social condições subjetivas para a construção do mito individual. Quanto que aquele pai, que possivelmente implicava sua lei no seio do lar, me remete a um pai edipiano, do Totem e Tabu que fortalecia uma outra forma de pacto social que atualmente se encontra anacrônico e apenas escutado após uma imposição maior, nesse caso a do Estado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A não arte da violência - uma privatização.


Com freqüência estamos vendo os noticiários explanar as mazelas da violência do Rio de Janeiro, que de fato nas entrelinhas se nota uma Guerra Civil com direito a disputas de espaços geográficos e guerrilhas urbanas para mante-los. O que faz esse fruto amargo da violência ganhar tamanha proporção? Bom, creio que a relação do sujeito com os objetos pode dar uma luz a esse fato. O sujeito sempre esta em busca do objeto, que por sua vez foi perdido durante a sua constituição subjetiva, é esse objeto que comanda nosso desejo, que provoca movimentação, uma busca, na esperança de um nirvana, o que de fato é um sonho.
Nessa busca o sujeito caminha por diversos campos, sempre influenciado pela condição cultural que lhe é contemporâneo. O que se notava há um tempo é que havia um pacto social, que dava uma direção na busca do objeto. Esse pacto social se estabelecia na palavra, assim se fazia valer como uma ordem publica que visava o bem de todos, possibilitando uma forma de gozo, ou seja, de satisfação. Com as mudanças culturais e sociais, a palavra perdeu esse peso que tinha nas antigas relações. O que vemos hoje é o sujeito se apropriando do próximo em qualidade de privatização, acreditando que apenas um tem o direito do reconhecimento da dignidade humana e o outro é excluído, buscando de forma antônima aos antepassados o objeto.
O continuo crescimento da má distribuição do Brasil faz luz a esse fato. Privatiza-se o trabalhador das regiões carentes, as favelas, se apropria deles como se não tivessem o direito de nada, tão pouco de condições básicas de sobrevivência. Ofertam – lhes um trabalho, que Marx já chamava de mais – valia, o qual o maior do percentual fica a cargo do empregador que por meio de seu capital faz o acumulo de mais e mais e mais objetos. A idéia do dominador é capitalizar mais e mais objetos, perverso ou não? Essa condição faz esfacelar o pacto social, que podemos chamar de pacto simbólico - Neste momento que o pacto simbólico é rompido só deixa lugar para a violência; quer dizer que entre os indivíduos não são mais as leis da linguagem que regulam sua relação, mas é a força real. Se não houver uma distribuição de renda mais coerente, ou um pacto simbólico sustentável, os dominados vão buscar o domínio, um excluído o outro, aja bala de fuzil.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bullying: Não resume o sofrimento humano.

Fomos e ainda somos bombardeados pela mídia com esse novo termo, que mais considero um produto - Bullying. Ele aparece em quase todos os programas de comunicação e com seus sofredores dando seus depoimentos e resumindo ao Bullying todo o sofrimento que há em suas vidas, nesse caso, creio que esse termo vem insultar, no sentido de nomear e dar título, ao sofrimento humano, o qual passa acreditar que esse é o único e verdadeiro motivo de sua dor. Assim, quem de fato acredita nessa condição pode ficar limitado a um significante, não diferente de alguns médicos, que mesmo ausentes de seus consultórios são chamados de doutores. Esses insultos não são de hoje, a sociedade há longa data insiste em produzir produtos que posso até chamar de máscaras, na qual o individuo se esconde e acretida se validar como sujeito. Para concluir: Assim como a poesia, a comédia trás novas formas de falar da condição de nossa sociedade e da condição humana, creio que esse vídeo vem a calhar...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O chato e o poeta




Jorge Forbes apresenta em seu Site um artigo que retrata uma possível diferença entre a escrita do poeta e do neurótico, enfocando nada mais nada menos que a chatice, evidente no que teme e não se permite a liberdade do que se sente, cansa a beleza, e o que nada teme e se deixa levar sentimos outros ares. Confira um trecho desse artigo:


O chato e o poeta
Jorge Forbes



Freud sempre se preocupou com coisas simples, característica dos gênios: achar o novo no que todo mundo vê, mas que não enxerga. Entre suas simplicidades, ele escreveu dois artigos em 1908 que sempre me chamaram a atenção pelo tema que abordam e que assim eu resumiria: por que tem tanta gente chata no mundo, aquela que começa a contar um caso e já vai dando sono, e tem gente interessante, que contando a mesma história nos desperta e interessa?






confira o restante no
http://www.jorgeforbes.com.br/br/artigos/o-chato-e-o-poeta.html

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ACIDENTE NA SALA "O Real do Corpo"


ACIDENTE NA SALA


Movo a perna esquerda de mau jeito

E a cabeça do fêmor atrita com o osso da bacia

Sofro um tranco

E me ouço perguntar

Aconteceu comigo ou com meu osso?

E outra pergunta

Eu sou o meu osso?

Ou eu sou somente a mente que a ele não se junta?

E outra, se o osso não pergunta, quem pergunta?

Alguém que não é osso, nem carne, que em mim me habita

Alguém que nunca ouço

A não ser quando meu corpo um osso com o outro osso

atrita ?


(Ferrera Gullar)


"Há poesias que retratam de forma límpida e singular o Real do corpo. O corpo com vida própria que independe de um pré título, que é surpresa, inesperado, e depois tenta se possível, dar conta do se escapa aos dedos com; nomes, títulos e metáforas".


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

DESCULPAS


Hoje durante o período da tarde, tive vergonha! Sim, vergonha, e muita. Tudo começou quando entrei, depois de muito tempo no meu Blog, o qual apesar dos pesares nunca desconfiei do meu amor por ele. Entrei e pior com alguém ao meu lado e mais vinte, vinte senhoras e senhores, vinte novos seguidores e 2100 visitas mais no Blog. Não sou pai, mas o sentimento que tive foi de um coração paterno virando as costas ao singular pedido de amor de uma criança. Meus amigos e seguidores leitores, me desculpem por todo esse tempo de pura falta. Mas sei que todo processo criativo não segue o bom senso, pelo contrario. Logo fui autêntico com essa farta demora a uma atualização, desculpas são pra não fugir do protocolo e digo em alto e bom tom: VOLTEI!